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segunda-feira, 1 de junho de 2020

Lojas de Discos

Para quem gosta de música e principalmente de comprar discos, com certeza vai se lembrar de todas essas lojas que fizeram a cabeça de muitos em São Paulo. Eu comprei em todas, fui amigo de alguns proprietários e até trabalhei em uma por duas vezes. Saudade .



Hi FiMaior e mais antiga loja de São Paulo, a Hi-Fi foi fundada em 1956 pelo visionário Hélcio Serranona na Rua Augusta, altura do número dois mil. Como era comissário de bordo na época, Hélcio aproveitava a oportunidade para trazer ao Brasil álbuns de artistas das paradas internacionais. Foi, inclusive, o responsável pela comercialização do primeiro álbum dos Beatles no Brasil. Quando ouviu o grupo pela primeira vez entrou em contato com a Odeon Records (fazia parte da EMI) para que os lançassem aqui. Como a gravadora não manifestou interesse pela dica do empreendedor, Hélcio decidiu resolver o problema sozinho: trouxe o álbum dos EUA para que pudesse vender em sua loja. A resposta do sucesso da Hi-Fi foi quase que imediata. Sempre cheia, era também frequentada por grandes nomes da música brasileira, e de outras artes também, como Elis Regina, Chico Buarque, Raul Cortez, Loyola Brandão, entre outros. Até mesmo as rádios o procuravam para comprar discos que ainda não tinham, mas queriam promover. Mesmo com todo sucesso e renome que tinha, em 2002 Hélcio decidiu se aposentar e fechar a loja. Disse que não se tratava da crise da indústria musical e nem de dívidas. Estava apenas cansado e cheio da música ruim que a maior parte do público de hoje aprecia. Os tempos são outros e as gravadoras no geral só visam o lucro e não mais a qualidade, portanto preferiu sair de cena para descansar e aproveitar mais a vida.


Bruno Blois – Fundada em 1957 pelo empresário Bruno Blois, era uma das maiores lojas de vinil do centro de São Paulo. Além de discos, também vendia aparelhos de som e assessórios, câmeras fotográficas e até videogame (vendiam Atari e seus jogos) e computadores (os primeiros modelos de computadores pessoais que eram novidade no início da década de 80). Essa era daquelas lojas que tinham cabines para escutar o disco antes de comprar. Cresceu tanto que tinha 4 lojas de rua. A principal ficava na 24 de Maio, as outras 3 ficavam na D. José de Barros (também no centro e pertinho da 24), na Pamplona (Jardins) e na Barão do Triunfo (Brooklin). Chegaram a abrir uma loja no Shopping Morumbi e uma no Center Norte. Mas, infelizmente muitas lojas não resistiram aos tempos modernos e a Bruno Blois foi uma delas. As dívidas resultavam em praticamente 4x o faturamento e no início de 1996 entraram com pedido de concordata.


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Wop Bop - Fundada em 1975, pelo empresário e jornalista René Ferri e Antônio Albuquerque, a loja era o templo do punk e New Wave e principalmente do rock nacional da década de 80. Começando na Galeria do Rock quando esta ainda era decadente e conhecida pelo nome verdadeiro (Grandes Galerias), a loja foi a real responsável por torná-la conhecida como "Galeria do Rock" e contribuiu imensamente para que se tornasse tão conhecida e reduto das lojas de discos de vinil. Depois de um tempo mudaram para a Galeria Barão de Itapetininga. Com o crescimento constante do cenário de rock nacional, Ferri criou o selo da Wop Bop e começou lançando a banda Violeta de Outono com o EP "Reflexos da Noite". O trabalho emplacou o sucesso de ambos e consolidou Wop Bop como um dos principais (para não dizer "O" principal) selos independentes de rock nacional da época. Com o surgimento das grandes lojas de discos e CDs (muitas delas tinham muito mais facilidade para comprar os produtos das gravadoras) e mais tarde a criação do plano Collor, a Wop Bop (assim como muitos, principalmente os pequenos empresários) também sofreu as consequências e em 1993 fechou suas portas.


Baratos Afins – Foi quando o farmacêutico Luiz Calanca decidiu largar sua profissão em 1978 para vender e trocar seus LPs, que a sobrevivente Baratos Afins nasceu. A brincadeira deu certo, e muito! Começou em 1978 também na "Galeria do Rock" e está bem longe de acabar. Felizmente! Assim como a pioneira Wop Bop, lançou seu próprio selo e através deste lançou coletâneas e bandas que fizeram sucesso e trouxe ainda mais notoriedade à loja. Resistiu bravamente à onda das mídias digitais e downloads e hoje é responsável por vários eventos de rock e música no geral na cidade. Calanca, diferentemente de muitos, não é apenas conhecedor e amante da música, mas tem visão realmente empreendedora e organizada, qualidades que o ajudaram a continuar na estrada e chegar ao patamar que chegou. Pelo andar da carruagem, ainda veremos a loja de pé por um bom tempo! Seu acervo é considerado o melhor e mais completo, e com o maior numero de raridades da música. Por conta disso, a variação de preços é bem grande. A procura de suas raridades é tão grande que até artistas internacionais visitam a loja para conferir quando estão no Brasil. Para as novas gerações, a Baratos Afins é um bom exemplar da realidade vivida na década de 80.


Museu do Disco - Uma das maiores lojas de São Paulo. O sonho de todo colecionador era ter um disco comprado lá. Uma vez cheguei a "roubar" um cofrinho do meu cunhado, que ainda era criança, só para comprar um disco importado dos Rolling Stones. Até hoje não sei porque a loja acabou (seu perfil no Facebook não esclarece nada), de tudo o que ela foi só sobrou uma pequena loja de DVD's. Com certeza essa foi uma grande perda.


Woodstock Discos - Em 1978 abria as portas, na rua José Bonifácio, em São Paulo, uma pequena loja de discos que seria fundamental na história do heavy metal brasileiro. A Woodstock Discos nasceu quando seu proprietário, Walcir Chalas, um rockeiro apaixonado e dedicado colecionador, decidiu colocar toda a sua imensa coleção de LPs à venda. Para isso, abriu uma pequena lojinha e lá colocou seus vinis para negociar, vender e trocar. No início a loja tinha em estoque álbuns de artistas variados, como Beatles, Rolling Stones, Elvis, Sex Pistols e tudo o que rolava naqueles últimos anos da década de 1970. Mas uma grande mudança logo viria a acontecer. O que transformou a Woodstock em uma loja dedicada exclusivamente ao metal foi uma viagem que Walcir fez a Londres, em 1982. Chegando lá, Chalas deu de cara com a explosão da New Wave of British Heavy Metal, com centenas de garotos vestindo camisetas do Iron Maiden, Saxon e Angel Witch. Walcir estava no olho do furacão, e percebeu ali a oportunidade para que a Woodstock se transformasse em algo muito maior que uma simples loja de discos. Tudo estava pronto, só faltava alguém para fazer a ligação entre o que rolava lá fora e o sedento público brasileiro. E esse alguém foi Walcir Chalas. A Woodstock também mudou. O endereço da José Bonifácio já não dava conta de abrigar o mar de gente que se dirigia para lá nas manhãs de sábado, e Walcir decidiu transferir a loja para um imóvel que havia comprado, mudando para o número 155 da rua Dr. Falcão. Mais amplo, o novo espaço solidificou o nome da Woodstock Discos como a principal loja especializada em heavy metal no Brasil. Estava claro que era preciso dar o passo seguinte, e, assim, nasceu o selo Woodstock Discos. A importância de Walcir Chalas era tanta que logo ele viu seus horizontes ficarem mais amplos. A rádio 89 o convidou para apresentar o programa Comando Metal, e a MTV o colocou no comando do extinto – e saudoso – Fúria Metal por pouco mais de seis meses. Walcir havia se transformado em um ícone, e com todo o merecimento.