O choro pode ser
considerado como a primeira música urbana tipicamente brasileira e ao longo dos
anos se transformou em um dos gêneros mais prestigiados da música popular
nacional, reconhecido em excelência e requinte.Tem como origens estilísticas o lundu, ritmo de inspiração
africana à base de percussão, com gêneros europeus. A composição instrumental
dos primeiros grupos de choro era baseada na trinca flauta, violão e cavaquinho
– a esse núcleo inicial do choro também se chamava pau e corda, por serem de
ébano as flautas usadas, mas com o desenvolvimento do gênero, outros
instrumentos de corda e sopro foram incorporados.
O
choro é visto como o recurso do qual se utilizou o músico popular para
executar, ao seu estilo, a música importada e consumida nos salões e bailes da
alta sociedade do Império a partir da metade do século XIX. Sob
o impulso criador e improvisado dos chorões, logo a música resultante perdeu as
características dos seus países originários e adquiriu feições genuinamente
brasileiras.A
improvisação é condição básica do bom chorão, termo ao qual passou a ser
conhecido ao músico integrante do choro, bem como requer uma alta virtuosidade
de seus intérpretes, cuja técnica de composição não deve dispensar o uso de
modulações imprevistas e armadas com o propósito de desafiar e a capacidade ou
o senso polifônico dos acompanhantes. Além disso, admite uma grande variedade
na composição instrumental de cada conjunto e comporta a participação de um
grande número de participantes, sem prefixar seu número. As mais antigas referências a esses grupos de músicos
mencionam o flautista Calado como o iniciador e organizador desses primeiros
conjuntos. Como era professor da cadeira de flauta do Conservatório Imperial,
Calado teve grande conhecimento musical e reuniu em torno de si os melhores
músicos da época, que tocavam por simples prazer e descompromisso de fazer
música. O conjunto instrumental “O Choro de Calado” costumava se reunir sem
ideia prévia quanto a composição instrumental ou quanto ao número de figurantes
de cada grupo. Foi também ele o pioneiro em grafar a palavra choro no local
destinado ao gênero em uma de suas partituras – a da polca “Flor Amorosa” -,
até então, os compositores se limitavam a indicar, como gênero, os ritmos
tradicionais. A polca “Flor Amorosa”, composta por Calado em 1867 é considerada
a primeira composição do gênero. Desse conjunto fez parte Viriato Figueira, seu
aluno e amigo e também sua amiga, a maestrina Chiquinha Gonzaga, uma pioneira
como a primeira chorona, compositora e pianista do gênero.
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